A vaga democrata que levou Barack Obama à Casa Branca, não impediu os norte-americanos de mostrar nos referendos locais o seu apego aos valores tradicionais, rejeitando em vários Estados o casamento homossexual.
Para além do voto presidencial, os eleitores foram também chamados a pronunciar-se sobre 153 referendos e iniciativas populares em 35 Estados.A Florida, o Arizona, o Arkansas e sobretudo a Califórnia adoptaram propostas que proíbem o casamento homossexual. Na Califórnia, apenas seis meses depois do Supremo Tribunal do Estado ter considerado inconstitucional proibir o casamento homossexual, «a Proposta 8», alvo de intensos debates e de uma dispendiosa campanha na Califórnia, propôs uma alteração constitucional, afirmando que «só o casamento entre um homem e uma mulher é um válido e reconhecido na Califórnia». Iniciativa de grupos conservadores, o «8» foi aprovado com 52,1 por cento dos votos a favor e 47,9 por cento contra, o que representa um sério revés para a comunidade homossexual, lançando na incerteza as 18.000 uniões do mesmo sexo concluídas em Califórnia estes últimos meses.
Para além da Califórnia, só o Massachusetts e, recentemente, o Connecticut tinham legalizado o casamento homossexual. Os outros 47 Estados americanos proíbem-no. «Não há nada na linguagem da proposta 8 que diga que é retroactiva, então o nosso casamento continua a ser válido. Mas estamos inquietos pelos jovens», afirmou a uma cadeia da televisão local o actor da série «Star Trek», George Takei, que casou com o seu parceiro Brad Altman em Setembro. No Arizona, a proibição dos casamentos homossexuais foi adoptada por 56 por cento dos votos a favor e 44 por cento contra e na Florida o resultado foi ainda mais claro, com 62 por cento a favor e 38 por cento contra. Entretanto, no Arkansas, os eleitores decidiram impedir a adopção de crianças por casais não casados, homossexuais ou não.
«Estamos desiludidos e tristes com os resultados no Arkansas, Arizona e Florida onde vimos passar leis que visam ferir casais e famílias que se amam», declarou quarta-feira em comunicado Neil Giuliano, presidente da organização de defesa dos direitos dos homossexuais GLAAD. Para Jennie Drage-Bower, analista política para a Conferência Nacional dos Eleitos dos Estados, a rejeição californiana «não é realmente uma surpresa, porque desde 1998 nos cerca de trinta de Estados que se pronunciaram contra o casamento homossexual, apenas um rejeitou a proibição».
Segundo a mesma fonte, a candidatura de Barack Obama favoreceu mesmo a proibição do casamento homossexual, já que, de acordo com as sondagens, os eleitores negros são tendencialmente contra este tipo de união. «A sua candidatura aumentou a participação dos Afro-Americanos que votaram neste sentido», explicou.
Os referendos locais colocaram ainda outra pergunta sensível, caso da discriminação positiva em prol das minorias. Cinco Estados propunham desfazer-se de tais medidas, Arizona, Colorado, Missouri, Nebraska e Oklahoma. A rejeição da discriminação positiva foi aprovada no Nebraska por 58 por cento dos votos a favor e 42 por cento contra, enquanto no Colorado, os resultados definitivos, muito próximos, ainda não são conhecidos mas apontam para uma rejeição.
té agora quatro Estados norte-americanos, Califórnia, Estado de Washington, Michigan e o Nebraska baniram a discriminação positiva. Entre as propostas liberais, o Michigan tornou legal o uso medicinal da marijuana e o Estado de Washington permitiu o suicídio assistido dos pacientes em fase terminal. Limites ao aborto foram também submetidos, em vão, a votação no Dakota do Sul e no Colorado.
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