terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Telemóvel para os filhos - Evite as armadilhas

Jornal de Negócios Online :: 2008.02.18

7 conselhos para escapar a surpresas
- Crie regras claras – o entusiasmo inicial com um novo telemóvel pode revelar-se dramático nos primeiros meses, com descontrole de custos penosos para a carteira, pelo que devem ser estabelecidas regras claras de gastos médios e tipo de utilização para que não existam surpresas. - Escolha um tarifário adequado de acordo com o tipo de utilização prevista para o equipamento, os operadores móveis têm tarifários específicos para os mais jovens, que apostam mais na comunicação por SMS do que nas chamadas de voz, e também na possibilidade dos utilizadores fazerem telefonemas mesmo quando já não têm saldo disponível.
- Determine um plafond semanal ou mensal de gastos com o telemóvel e associe os mesmos à mesada dos jovens. É importante que os mais novos percebam o valor do dinheiro e os limites de gastos nas comunicações de forma a aprenderem a gerir também eles um orçamento.
- Defina horas ou situações nas quais pode usar o telemóvel na escola – Muitas instituições de ensino já definiram regras para o uso dos telemóveis só a partir do final do período curricular, para evitar distracções e abusos. Os pais devem ter também aqui uma palavra a dizer, sensibilizando os jovens para cumprir estas regras.
- Converse sobre os perigos e os serviços enganadores – mesmo os adultos têm por vezes dificuldade de perceber os engodos de determinados serviços e não lêem as letrinhas pequeninas nos anúncios, sendo enganados .
- Actualize as regras à medida que vão crescendo – com a idade o perfil de uso de telemóvel vai mudando, assim como o nível de responsabilidade que os jovens devem assumir. As regras que aplicou aos 12 não podem manter-se até aos 18 anos.
- Proteja a Saúde – não está cientificamente provado o efeito prejudicial dos telemóveis a nível de saúde, mas a regra de “não abusar” deve ser sempre aplicada e quanto mais jovem for o utilizador menos tempo deverá passar ao telefone.

Não há adolescente ou pré-adolescente que não sonhe ter um telemóvel e, quanto mais tecnologicamente avançado, melhor. Para evitar surpresas desagradáveis, nos custos e no acesso a conteúdos menos adequados, estabeleça regras claras, tendo como prioridade a segurança.
A idade com que as crianças começam a utilizar telemóveis é cada vez mais reduzida e já não é surpresa para ninguém ver um miúdo ou miúda de oito anos a exibir o seu terminal novinho em folha. E quanto mais avançado tecnologicamente melhor. A taxa de utilização de telemóveis em Portugal já ultrapassa a população do país e são poucas as franjas que ainda não têm um telemóvel no bolso – mesmo que se contabilize os que possuem mais do que uma conta de cliente em um ou em vários operadores.
Naturalmente, os custos associados acabam por pesar no orçamento familiar e uma utilização sem regras pode ser desastrosa, sobretudo porque é associada à grande propensão que os jovens têm para a comunicação e para experimentar novos serviços e funcionalidades. Se um adulto tem um grupo de quatro ou cinco amigos, um jovem pode ter dezenas de amigos ou amigas íntimas na lista de contactos e achará muito normal ter conversas que duram horas com todos eles.
Mesmo com tarifários pré-pagos, quando se esgota o saldo a pressão para carregar o telemóvel vai ser forte, até porque muitos pais querem que os filhos estejam sempre contactáveis, usando os telefones como forma de comunicar e/ou controlar os jovens nos períodos escolares e de lazer.
Entre os operadores móveis portugueses, o segmento de crianças e adolescentes é um dos considerados apetecíveis, tendo sido desenhadas ofertas que procuram responder às suas necessidades e interesses e que incluem telefones para miúdos com idades cada vez mais reduzidas, como o M01, da Imaginarium, que a TMN começou a comercializar no final do ano passado e que rapidamente esgotou o ‘stock’ disponível, ou o D100, da Disney, que resulta de uma parceria com a Vodafone.
Entre as preferências dos mais novos contam-se a comunicação por SMS, os toques e jogos. Atentos às necessidades específicas deste grupo etário, os operadores desenharam ofertas especiais para os mais jovens e alguns serviços prevêem, mesmo, as situações típicas, como ficar sem saldo no cartão, pelo que foram criados o Krava, da TMN, o SOS Pagas, da Vodafone, e o Borla, da Optimus.
Para além destes sistemas e dos telemóveis adaptados aos mais novos, as operadoras não têm nenhuma ferramenta para gerir ou limitar o uso das comunicações pelos mais novos, ao contrário da norte-americana AT&T que, recentemente, lançou um serviço com este fim. Medidas que confrontam a dualidade do controle com a liberdade para crescer.

Riscos acrescidos com 3G
Mas os custos não devem ser a única preocupação dos educadores. É preciso ter atenção com os riscos de exposição na utilização de telemóveis, que são praticamente os mesmos que se correm na Internet, e que têm a ver com os contactos e o acesso aos conteúdos, mas, também, com o acesso a serviços comerciais.
O acesso a serviços de subscrição enganosos e conteúdos menos adequados são uma realidade que já levou até os operadores de vários países a estabelecer um código de conduta relativo à comercialização de serviços para as crianças e jovens. Na sequência de uma maior consciência, alguns abusos que existiam - como a subscrição de serviços que não se conseguiam anular de forma fácil e que consumiam saldo semanalmente – já foram corrigidos e actualmente a situação é mas transparente, mas a cautela nunca será demais.
Mesmo com mais informação dos operadores e uma maior transparência de ‘marketing’, as boas práticas dizem que a informação e a segurança devem começar em casa, onde, se bem gerido, o uso de telemóvel se pode tornar num bom exemplo de definição de regras e ponte de comunicação em vez de uma fonte de conflitos

500 mil jovens
São mais de meio milhão o número de jovens portugueses entre os 10 e os 14 anos que possui ou utiliza um telemóvel. Os valores foram apurados no Barómetro de Telecomunicações da Marktest e são referentes ao primeiro semestre de 2006, pelo que terão já sido largamente ultrapassados, embora as operadoras não discriminem o número de clientes para estas faixas etárias, nem as vendas de produtos específicos para este target.
Junto dos mais velhos, com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, a taxa de utilização já atingia na altura os 97,2%, revelando a forte apetência deste segmento e a omnipresença dos equipamentos.
Um outro dado relevante foi apurado num estudo da Cetelem, a empresa de crédito ao consumo que publica o Observador Cetelem, onde se refere que em 2007 cada família possuía em média mais de três telemóveis e meio.


MODELOS
Mo1 da Imaginarium Euros 69,9
Especialmente concebido para os mais novos, o Mo1 da Imaginarium tem apenas sete teclas, um altifalante para falar em alta voz e um interface simples. O terminal da loja de brinquedos já é comercializado noutros países europeus e chegou a Portugal em Novembro de 2007, com a TMN, tendo esgotado rapidamente o stock, embora continue disponível para encomenda.

Nokia 2760 Euros 89,9
Entre os vários telemóveis que a Optimus propõe para os mais novos conta-se o Nokia 2760, um terminal que a empresa associou no ano passado a uma campanha de regresso às aulas que incluía um jogo, mas que já terminou. O equipamento não tem características específicas para o target, nem no design.

Disney D100 Euros 49,9
Apelando à ligação dos mais novos aos temas da Disney a Vodafone lançou em 2007 dois terminais com imagens de marca das Witch e Piratas das Caraíbas. Para além do design o terminal permite bloquear as chamadas e mensagens para números que não estão na lista de contactos definida, não permitindo também acesso Internet.

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